O Hezbollah das tripas
Ofendidas com o despropositado ataque do presidente do Benfica, despropositado porque ele está longe de ser uma referência ética para lançar esses ataques, mas não despropositado no seu conteúdo. O senhor Pinto da Costa pode continuar a passear no seu Mercedes Classe s, como tantos trafulhas importantes deste país de impunidades, mas toda a gente sabe quem ele é, e não vale a pena os mujahedins das tripas como o senhor Tavares da Bola e o senhor malvado do Sobola andarem para aí a taparem o sol com uma peneira e a desviar conversas.
Agora a indignação dos mujahedins é com a lesão de Andersson e com a arbitragem de Lucílio Baptista. Acho completamente indecoroso um clube que tem na sua galeria de heróis, nomes como João Pinto, André, Paulinho Santos ou Jorge Costa, vir agora a falar de violência no futebol a pretexto da infeliz entrada de Katsouranis sobre Andersson. O que é óbvio é que como qualquer organização terrorista que se preze, o FCP decidiu desviar atenções das suas eminentes dissenções internas com um apelo ao ódio para o "Grande Satã" encarnado.
Para o futebol é lamentável que um talento como Andersson fique afastados dos relvados quatro a seis meses, mas daí a acusar Katsouranis de intencionalidade carniceira vai uma distância longa. Como de costume o fanatismo do Hezbollah tolhe a razão e tolda a vista. O lance é uma entrada dura, mas em tudo igual à que jogadores como João Moutinho, Simão, Quaresma e outros talentos sofrem todas as semanas nos relvados portugueses, perante a maior ou menor complacência de árbitros que não sabem proteger o espectáculo e os verdadeiros artistas. A única coisa que diferencia esta entrada de tantas outras que acontecem todas as semanas são as infelizes consequências. Objectivamente, Katsouranis entra à bola e atinge primeiro as pernas de Andersson, mas do local onde Lucílio Batista está, a visão é de um desvio de trajectória da bola, e por isso, apesar do mau juízo, nem sequer um amarelo foi mostrado a Katsouranis (que podia ter um processo sumaríssimo, na minha opinião).
Ora o que os adeptos do FC Porto deviam perguntar é se também não houve precipitação em lançar neste jogo um jovem de 18 anos como Andersson, acabado de saír de uma lesão e sobretudo um jovem ainda em processo de formação física. A gravidade da lesão não pode ser explicada somente pela entrada dura de Katsouranis, mas também pela capacidade de resistência ao choque do jovem brasileiro.
De qualquer forma, acho que os tripeiros acabaram por ganhar um jogo com sorte (e nunca falei em vitórias morais, caro Malvado, muda de comprimidos, ou de lentes)contra uma equipa vulgar como este meu Benfica, e isso sim é que vos dói. Quanto ao Andersson espero que regresse o mais rapidamente possível e que espelhe o seu talento em muito superior ao carácter dos seus adeptos e dirigentes.