terça-feira, março 28

A evolução televisiva dos jogos da bola

Vem isto a propósito de, no outro dia, ao dedilhar pelo telecomando, ter apanhado na RTP Memória uma retransmissão do jogo da Liga dos Campeões (seria 1996?) entre o Bayern Leverkusen e o Benfica. O resultado saldou-se num histórico 4-4, que permitiu à equipa encarnada, ainda com Rui Costa, João Pinto, Isaías e Vítor Paneira, passar à fase seguinte (seriam quartos-de-final?).
Análises ao jogo à parte, o mais interessante e reconfortante foi constatar como as transmissões televisivas dos jogos da bola evoluíram – e muito! Tal como evoluíram as noções sobre o que é um espectáculo essencialmente visual, ainda para mais hoje irrevogavelmente centrado nas suas individualidades.
Voltando a 1996, a primeira sensação de estar a abrir um baú velho arrumado nos recantos da memória foi despoletada pelos placards de publicidade da altura. Aquilo é que era uma autêntica confusão de tipografia medieval e logótipos berrantes, ilegível e comercialmente desastrosa mas fortemente reivindicativa e vociferante, ainda herdeira dos murais da Revolução. Entretanto os nossos olhos refinaram-se e os placards electrónicos já fazem da publicidade aquilo que o futebol também é actualmente: um espectáculo visualmente intenso.
Mas a realização das transmissões televisivas da altura não percebia isso e mimava-nos com pormenores exasperantes. Sempre muito afastada dos jogadores, privilegiando o campo de batalha e não a esgrima dos atletas, confinava-nos a um dos piores lugares na bancada de sofá. A atenção dada aos pormenores técnicos dos jogadores, ao teatro dos bancos, aos episódios nas bancadas, aos lances mais vistosos e decisivos era pura e simplesmente ignorada. Mas o pior, aquilo que fez a minha memória contorcer-se numa azia intensa foram as repetições dos lances. Um dos golos foi repetido quatro(!!) vezes de seguida, numa câmara lenta, lenta, lenta, lenta... e lá por trás, ao longo de, sei lá, talvez dois minutos, a voz do locutor continuava a relatar emotivamente o jogo que nós não estávamos a ver. E nós a papar com a terceira repetição do golo, agora visto pela câmara 2, em câmara lenta, lenta, lenta...

4 Comments:

Blogger Rui Pelejão said...

Camarada Bruno
Golos repetidos do Benfica nunca são de mais.

abracinhos

7:55 da tarde  
Blogger Xano said...

Golos do Bernfica? Nem precisam de camaras lentas... Hoje em dia se repetissem o que se repetia em camara lenta... Não haveriam gloriosos nem murcões com tanta garganta !!!

12:30 da manhã  
Blogger Xano said...

Pim!

12:30 da manhã  
Blogger Rui Pelejão said...

Numa rara excepção futebolistica, inteiramente de acordo como o Vasco. A obsessão com o plano fechado é uma das razões pelas quais quando vou ao estádio tenho a sensação de estar a ver um jogo na sua plenitude, que é a da movimentação colectiva. Por exemplo o trabalho dos grandes trincos, discreto mas essencial, quase nunca "passa" na televisão.

12:52 da tarde  

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