sexta-feira, março 24

Para lá das arbitragens, o futebol

É pena que as arbitragens sejam sempre o tema mais empolgante, o que também se explica pelo facto do futebol não ser grande coisa.

Clubites à parte gostaria de dizer que me enganei sobre a "resurreição" do Sporting, que eu sempre achei ser um fogo fátuo, e que iria desmoronar ao primeiro abalo sismíco. Afinal estava enganado e a impressionante série de oito vitórias da equipa de Paulo Bento não pode ser atribuída exclusivamente à sorte (se bem que nalguns joguitos, os deuses estiveram com os lagartos). Eu pensie que o Sporting iria desmoronar ao primeiro abalo e que sofreria o desgaste e a erosão natural de ter um plantel curto em soluções e em alternativas credíveis ao habitual onze titular. Isso não aconteceu e o Sporting vai somando pontos sem lesões, e já agora (estranho também) sem amarelados, apesar de ter uma defesa dura e intransigente. Ou seja, o segredo do sucesso de Paulo Bento é: organização, disponibilidade física e tranquilidade que só os resultados dão. Foi notório no prolongamento com o Porto que os jogadores do Sporting corriam mais e tinham maior disponibilidade física do que os seus adversários, e julgo que o Sporting, no colectivo, atingiu o pico de forma física, numa altura em que a maior parte das equipas entram já na curva descendente do seu rendimento físico. É um feito notável, sobretudo se tivermos em conta que o onze tem estado estabilizado, e Paulo Bento não faz rotatividade (também não tem como). Depois, organização. Com uma defesa bem urdida e concentrada (Abel, uma surpresa, Caneira uma confirmação) o Sporting ganhou a consistência que lhe faltava com Peseiro. Paulo Bento sabe que uma equipa se constrói de trás para a frente, mas isso faz-se também com prejuizo das exibições. Ou seja, a receita de Trapatoni, que os sportinguistas tanto desprezavam é agora utilizado na sua outrora "grande equipa", que agora não passa de uma equipa com noção dos seus limites (mais humilde) e pragmática q.b. Sem grandes equipas em Portugal (nenhum dos três grandes o é neste momento, como o Porto de Mourinho o foi), uma equipa "espremida" como esta, pode bem ser campeã nacional, sem brilhantismos, mas com empenho e organização, e volto a lembrar, que foi com empenho e organização que o Benfica foi campeão o ano passao (a história das arbitragens é uma mistificação), e ironicamente, o Sporting deste ano é uma equipa mais parecida do que o Benfica do ano passado (falta-lhe classe) do que os sportinguistas gostariam,. Eh, eh, sempre dá para rir.

Quanto ao Porto, a questão é simples, quem tem Lucho González e Quaresma, não pode deixar de ser campeão do talento, e só não será campeão se o treinador "borrar a pintura". Aliás o FC Porto arrisca-se a ser campeão, apesar do treinador.
De qualquer forma, acho que o jogo do título é em Alvalade, e que vença o melhor sem margem para desculpas.

Quanto ao meu Benfica, o treinador já tratou de atirar a toalha ao tapete, o que não me parece nada sensato, a não ser se for para retirar carga emocional a cada jogo. Mas ao retirar carga emocional, pode também retirar carga motivacional. Matematicamente é possível, mas eu acho que o Benfica já só pensa nos duelos com o Barcelona, o que não me parece boa política.
É bom que se note que vamos jogar contra a melhor equipa do mundo, ainda por cima com uma agravante. Se nos jogos com o Manchester e Liverpool até seria encarada com naturalidade uma eliminação, neste caso o Benfica precisa de ganhar ao Barcelona para salvar a época. Aliás, só isso poderá salvar a cabeça de Koeman, o treinador do Benfica que mais meios dispôs nos últimos anos e que se arrisca a não ganhar nem um jogo de bisca. Mesmo que sejamos posteriormente eliminados, só passando o Barcelona vamos poder salvar a época, o que é um peso terrível, para o tal "dia da besta" que se avizinha.