domingo, novembro 20

Há mais marés do que marinheiros

"Há mais marés que marinheiros", é a única coisa que me apetece dizer, depois da triste imagem deixada ontem pelo mue Benfica em Braga. Uma equipa sem ambição, sem classe e sem imaginação, justamente derrotada por um Braga completo, crescido e destemido. Vitória justíssima, com um erro de arbitragem a repor a verdade desportiva, depois dde outro erro de arbitragem. Inexplicável a segunda parte do Benfica, segundo o senhor Ronald Koeman, inexplicável também a opção de colocar dois jogadores debilitados, como o Simão e o Quim, como num atestado de incompetência às alternativas, ainda que pobres, mas alternativas. Inexplicável o amedrontamento e o recuo que resulta como em Manchester em frustração. Culpas não assacáveis só á defesa, que faz o que pode, quando o meio-campo recua até ao inimaginável. Como perder a confiança em menos de três jornadas é fenómeno meramente explicável pelo facto do treinador do Benfica não acreditar na equipa e nos jogadores que dispões. Isso sim é inexplicável, meu caro Koeman. Quer um conselho de uma ruim cabeça? Ainda que esteja a cortejar um enormissimno camafeu, se lhe sussurrar as palavras doces de um galanteador, fará senti-la como uma diva e altíssima beleza, porque a ilusão da força, é nos homens do desporto, a própria força, como o Braga tão bem tem provado.

Quanto ao resto, o fantástico FCP, a prova absoluta de que o talento emerge, apesar do treinador. Com artistas de génio como o Porto temj, em que o tango se dança com som de mazurka cigana, nem sequer é preciso maestro, nem realizador. O Porto é o maior barril de talento do futebol português, e jorra néctar frutado, apesar do taberneiro ser mau e estouvado.
Este Porto é de honra, malgrado o taberneiro.

O Sporting (ainda não acabou o jogo)é uma equipa traumatizada com a sua mania das grandezas e a sua patética soberba, Paulo Bento, apesar de tudo, tem-se esforçado por fazer o discurso da humildade, do trabalho e do futuro. É o caminho certo, não sei é se os ayatolhas fanáticos e ostensivamente burros, como o são com crua clareza os seus adeptos, vão compreender a filosofia, quando ela não tiver correspondência com os resultados.

Finalmente uma palavra de ânimo, para o camarada merengue, depois do autêntico banho de futebol que o Real Madrid tomou ontem no Santiago Bernabéu. A vitória da arte sobre o marketing, do talento sobre o capitalismo. O Problema não está nos jogadores madrilistas, está obviamente na filosofia empresarial do seu presidente, e na verdade tão simples e admirável, que faz do futebol a paixão maior do planeta - O dinheiro nem traz felicidade, nem ajuda, a não ser que dê para pagar o ordenado de Ronaldinho Gaúcho.

Quanto ao resto, e como no começo, lembrem-se destas palavras "Há mais marés do que marinheiros"


PS: Dia 17 de Novembro chegou ao mundo o Senhor Manuel Pelejão, sócio nº 123.576 do Benfica. Trata-se, do meu sobrinho, e no que de mim e do seu pai (e meu cunhado) depender, o futuro nº 10 do Benfica, o herdeiro do Rui Costa. A grandeza de um clube é proporcional à sua capacidade de reprodução, e por isso há, aquilo que se chama, um crescimento exponencial. Hoje, os não sei quantos milhões respondem à palavra do senhor "Crescei e multiplicai-vos". É por isso é que o Benfica vai ser sempre demasiado grande, para se preocupar com minorias patéticas, como as que habitam na Invicta e num bairro fino de Lisboa, é por isso que haverá sempre mais marés do que marinheiros. O Benfica é um povo que sofre, o resto é, mais ou menos, paisagem, ou grupúsculos de excêntricos.

PS2: Nada como começar a educação com a dura realidade, O primeiro jogo do Benfica que o Manel viu, foi mau de mais para ser recordado. A grande vantagem dos bébés recém-nascidos é que ainda mal abre os olhos. Esperamos uma outra maré Manel.