segunda-feira, outubro 17

Tolerância Zero

Apesar de só poder fazer um juízo final 4ª feira pelas 23.00, estou extremamente decepcionado com o holandes que nos calhou.
Se é verdade que com a nossa defesa não há treinador que resista - e a prova disso está que o Benfica ganha com dois golos oferecidos, tendo o seu marcador uma eficácia de 100%, pois não rematou mais vez nenhuma à baliza - também não é menos verdade que não se pode culpar exclusivamente os centrais mas uma táctica que se tem mostrado completamente suicida.
Os centrais são fracos, o Alves - tenho de dar a mão à palmatória - é um verdadeiro asno, pé-de-chumbo. Mas se olharmos para a disposição tactica do Porto, depressa nos apercebemos que falta algo que o Porto sempre teve: um carregador de piano defensivo que varra a zona defensiva pré-centrais, um João Pinto, um Paulinho Santos, um Paredes ou um Costinha...quer dizer, falta não, o Co é que teimosamente se recusa a dar a titularidade ao Raul Meireles ou ao Paulo Assunção, por exemplo.
E eis-nos chegados ao fulcro da questão: a teimosia casmurra de Co Adriaanse. A sua filosofia de jogo é de apoiar, adoro-a: uma equipa de ataque, que jogue para o espectaculo, para o golo e não se remeta unicamente ao "ferrolho", ao não deixar jogar. No entanto, da filosofia à prática vão uns bons kilometros:
1. É incompreensível a casmurrice de excluir da equipa Jorge Costa e teimar em não devolver a titularidade a Pedro Emanuel. É um facto que Jorge Costa, com 34 anos, já está na fase descendente da sua carreira, mas continua a ser uma voz de comando e de experiência que, numa fase de renovação, se mostra como uma mais-valia na educação táctica dos jovens centrais (por mais maus que sejam). Já Pedro Emanuel não sendo um central de sonho, é um defesa experiente e já com uma boa cultura táctica, incapaz de cair em puerilidades como aquelas que Ricardo Costa e Alves insistentemente caem;
2. A ausência de trinco/médio defensivo. Co Adriaanse previligia o ataque, já se sabe. Daí até se entender que prefira usar dois extremos adaptados a laterais. No entanto, para que faça sentido essa opção tem de ser acompanhada pela inclusão na equipa de um (ou dois) trincos, médios defensivos de raiz, que fiquem para trás e que sejam capazes de fazer as dobras nas alas ao mesmo tempo que como que filtram a zona média do meio campo do Porto, ou seja, um jogador que faça o que Petit faz tão magistralmente no Benfica. Isto parece-me tão óbvio como disparatada a solução de insistir em pôr à frente dos centrais dois médios ofensivos...o que nos leva ao ponto
3. O subaproveitamento de jogadores que jogam fora das suas posições. Se as apostas de Cesar Peixoto e Bosingwa me parecem acertadas pelos factos que referi acima acrescidos do facto de ambos não terem lugar nem serem especialmente virtuosos nos seus lugares de raiz, já me parece completamente disparata a escolha de por Ibson e Lucho a jogar à frente da defesa! Estes dois jogadores são de facto grandes jogadores mas claramente ofensivos. Ou seja, na prática o eixo defensivo do Porto é hoje constituido por apenas dois centrais e 4 médios ofensivos, jogando o Porto numa nova espécie (completamente suicida) de 2-4-3-1...e o que é que isto dá? Golos, muitos golos...mas na baliza de Baía...
No entanto este subaproveitamento não é feito apenas na defesa: basta citar a titulo de exemplo o caso de Jorginho, um puro nº 10, relegado para as alas onde está inconfortável, dando como resultado o tendencial descair para o centro desaproveitando as linhas;
4. As incompreensíveis apostas de titularidade e a suas repercussões no balneário. Aqui é a maior decepção do trabalho de Adriaanse. Chegou como sargentão, para disciplinar e impor a todo o custo a sua ideologia. Percebeu-se numa primeira fase o não apostar em Quaresma e a aposta em Postiga, que andava moralizado pelos lados da selecção. No entanto, de repente relegou Helder Postiga para o lote de não-convocados, tendo inclusivé preferido a certa altura a inclusão desastrosa dessa ameba que dá pelo nome de Sokota...Quanto a Quaresma não é preciso ser holandes para perceber que é um dos, senão o mais, talentoso jogador de todo o plantel portista, é um anarca é certo, mas um anarca que levanta bancadas e que resolve jogos...acho que o puto já percebeu que tem de jogar com a equipa, não é preciso continuar a deixá-lo jogar só 10 ou 15 minutos por jogo!
Depois temos esse fenómeno que dá pelo nome de Alan. Acho que é um bom jogador de banco, rápido, óptimo para entrar (este sim) a 10 minutos do fim quando o adversário já está cansado, mas nunca a titular!
Outro caso foi o de Nuno Valente, uma estupidez tão grande que me recuso a comentar...
McCarthy. O gajo está em baixo de forma, o Hugo Almeida está num pico. Porque é que joga um e não o outro? Mistérios de Co...
Obviamente que tudo isto desmoraliza um jogador, que começa a ponderar esforçar-se se por mais que o faça, nunca é premiado...


Assim, tenho a dizer que (ainda) não puxei do lenço branco, mas que o holandes tem agora para mim tolerância zero e explico porquê: a estratégia falhada contra o Benfica pode ser reflexo de uma preparação para um jogo verdadeiramente decisivo que é o do Inter e que ditará a continuação ou não na Champions.
No entanto, ou Adriaanse ganha os dois jogos com o Inter ou rua com ele imediatamente, sem lenços, nem confianças, nem nada, rua e pronto.
Proponho que seja Jorge Costa o treinador do Porto. Ama o clube, conhece o futebol portugues e sabe uma verdade incontornável: não há lirismos, uma equipa constrói-se de tras para a frente, pois o objectivo de um jogo é, como Adriaanse disse, marcar mais golos que o adversário, mas se a bola não pára nos centrais e nos trincos para depois chegar aos avançados, só se sofrem golos e só por muita sorte é que se marcam.

1 Comments:

Blogger Bruno Ramos said...

é super-engraçada a estratégia do lenço branco dos adeptos: sempre que as equipas andam mal, não deve haver adepto nos estádios que não leve o seu lenço branco (às vezes autênticos lençois, como se viu recentemente). Avanço, desde já, com uma ideia: o Kit-Adepto. Conteúdo: lenços brancos, petardos, isqueiros vazios (para atirar aos árbitros), sandes de torresmo, rádio a pilhas com auricular, almofada para o rabo, manual de calão, etc, etc

4:47 da tarde  

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