sexta-feira, outubro 21

A vantagem da consistência

Depois das trapalhadas que marcaram o início de época, e alguns erros de palmatória de Koeman, o Benfica "renasceu" com uma solidez e uma dinâmica de jogo que estão a "anos-luz" do futebol produzido durante a era Camacho e Trapatoni.
Três palavrinhas explicam o "renascimento": Consistência, confiança e adaptação.
Consistência defensiva de uma equipa que já está mecanizada e rotinada e que "seca" por completo as manobras ofensivas adversárias (o Porto e o Vilareal foram autenticamente algemados), consistência que se deve não só à melhor defesa do campeonato português, com uma dupla de centrais de excepção, um lateral-direito fogoso e um lateral esquerdo que não compromete. Consistência que se deve á verdadeira chave de ouro do futebol do Benfica, e a dupla que, na minha opinião, nos deu o título o ano passado - Petit/Manuel Fernandes. Não vou repetir o que aqui escrevi na época passada sobre a importância deste dueto, mas peço-vos para os compararem com as duplas disponíveis nos rivais - Custódio e Luis Loureiro no Sporting e Raul Meireles e Paulo Assunção no Porto. Antes de crucificarem as respectivas defesas, como fazem tão habitualmente, os amigos sportinguistas e portistas deviam responsabilizar os seus centro-campistas que não defendem e não pressionam.
O Benfica recuperou a sua consistência graças a uma subida de forma de Manuel Fernandes, à entrada endiabrada de Nélson, de longe a melhor aquisição até ao momento (ainda estou à espera de Karagounis que já deu as primeiras notas) e à pontaria estranhamente afinada do Nuno Gomes. Bastou isso e Koeman estabilizar o seu modelo de jogo e os seus intérpretes para os resultados aparecerem sem necessidade de assobios ou lenços brancos que há mais de dois anos não se vêm na Luz (ainda antes de ganharmos o campeonato, Trapattoni só foi assobiado algumas vezes).

Sem pressão, com uma equipa que se sabe adaptar às necessidades do jogo, com um plantel claramente reforçado em relação ao ano passado, o Benfica tem um modelo de jogo construído de trás para a frente, como o Chelsea de Mourinho e todas as grandes equipas modernas, só lhe falta mesmo é a frente, porque apesar de tudo ainda não acredito na eficácia e na capacidade dinâmica do ataque encarnado, e acredito que ainda vamos perder, ou empatar muitos jogos.
Mais uma vez, tenho a certeza que o título é uma questão a três entre o Benfica, o Porto (se o Malvado for para treinador, ou se o senhor Adriaanse o escutar) e claro o Sporting ... mas o de Braga, que para o outro só mesmo um milagre.