terça-feira, maio 24

Um clube do mundo

Acabou-se a maldição.
Onze anos depois o Benfica volta a ser campeão, e a canção do Luis Piçarra - o verdadeiro hino benfiquista, que o estádio cantava em uníssono quando ia à Luz com o meu pai - a canção de Piçarra das papoilas saltitantes volta a ser o hino de uma nação encarnada que sofreu. Este título é em nome do meu amigo Kiko, de 11 anos, e de todos os kikos que nunca tinham visto o Benfica campeão, e no entanto acreditaram sempre, sofreram sempre.
É o título do meu Avô Manel, benfiquista de quatro costados, que sofre à moda antiga a ouvir os relatos (não há Sport TV em Castelo Novo), ele é do tempo de ver o Eusébio a jogar à bola. Este é o título do meu avô Manel e de todos os avôs manéis.
Mais do que do presidente, do Veiga, do Trapattoni e dos jogadores, este é o título do adepto anónimo, que sofre em silêncio, que rejubila nas ruas, que apesar de tudo, acreditou sempre, que sempre teve fé. E já dizem os párocos de aldeia - a fé é que nos salva. A festa do título mostrou também a dimensão da nação benfiquista. Impressionante e inédita (nem nos melhores dias da selecção no euro), uma euforia total no Porto, Lisboa, Coimbra, Braga, Faro, Angra do Heroísmo, Funchal, em todas as aldeolas e vilas do país. Lá fora, em Paris foram milhares. Os suiços nem dormiram em Genéve. Na Guiné, à beira de uma guerra civil, fizeram-se tréguas com tachos e panelas e festa. Em Luanda, em Cabo Verde, nas comunidades portuguesas em Newark, Cidade do Cabo. O título do Benfica foi motivo de festa nos quatro cantos do mundo, o que mostra que a diáspora benfiquista é um fenómeno transnacional e transcultural. Espero que os camaradas sportinguistas e portistas, percebam desta vez e definitivamente a escala do Benfica, que é, com toda a certeza, um dos maiores clubes do mundo em número de adeptos e simpatizantes.
É por isso que custa perceber como é que um clube desta dimensão e com esta base social de apoio esteve mais de uma década arredado da sua condição natural de maior clube português. Mas isso são contas de outro rosário. Para já festa é festa e vamos à festa da Taça, que tenho cá uma desconfiança vai para o simpático Setúbal, a única equipa de verde e branco que este ano pode ganhar alguma coisa.

2 Comments:

Blogger Pedro Salvado said...

2 coisas:
1º - Pelé, lê o teu post da HUMILDADE.

2º - Acho que no Burkina Faso também lá andavam 14 benfiquistas a celebrar...

1:41 da tarde  
Blogger Rui Pelejão said...

isto é apenas realismo pá, não é vaidade nem humildade - é apenas a verdade

5:24 da tarde  

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